Agora, enquanto é hoje, eis que fulgura
O teu santo momento de ajudar!...
Derrama, em torno, compassivo olhar
Estende as mãos aos filhos da amargura...
Repara!... Aqui e além, a desventura
Caminha ao léu, sem pão, sem luz, sem lar,
Acende o próprio amor! Faze brilhar
A tua fé tranquila, doce e pura.
Agora! eis o minuto decisivo!...
Abre o teu coração ao Cristo Vivo,
Não permitas que o tempo marche em vão.
E ajudando e servindo sem cansaço,
Alcançarás, subindo passo a passo,
A glória eterna da Ressurreição.
(Soneto extraído do livro Auta de Souza, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicado pela Editora IDEAL.)
A casualidade não se encontra nos laços da parentela.
Princípios sutis da Lei funcionam nas ligações consanguíneas.
Impedidos pelas causas do passado a reunir-nos no presente, é indispensável pagar com alegria os débitos que nos imanam a alguns corações, a fim de que venhamos a solver nossas dívidas para com a humanidade.
Inútil é a fuga dos credores que respiram conosco sob o mesmo teto, porque o tempo nos aguardará impecável, constrangendo-nos à liquidação de todos os compromissos.
Temos companheiros de voz adocicada e edificante na propaganda salvacionista, que se fazem verdadeiros trovões de intolerância na atmosfera caseira, acumulando energias desequilibradas em torno das próprias tarefas.
Sem dúvida, a equipe familiar no mundo nem sempre é um jardim de flores. Por vezes, é um espinheiro de preocupação e de angústias, reclamando-nos sacrifícios. Contudo, embora necessitamos de firmeza nas atitudes para temperar a afetividade que nos é própria, jamais conseguiremos sanar as feridas do nosso ambiente particular com o chicote da violência ou com o emplastro do desleixo.
Consoante a advertência do Apóstolo, se nos falha o cuidado para com a própria família, estaremos negando a fé.
Os parentes são obras de amor que o Pai compassivo nos deu a realizar. Ajudemo-los, com a cooperação e o carinho, atendendo aos desígnios da verdadeira fraternidade. Somente adestrando paciência e compreensão, tolerância e bondade, na praia estreita do lar, é que nos habilitaremos a servir com vitória, no mar alto das grandes experiências.
(Fonte viva. FEB Editora. Cap. 156)
O Bem antes
Não ignoramos que a lei de causa e efeito funciona mecanicamente em todos os domínios do Universo.
Sabemos, porém, que diariamente criamos destino.
Decerto, que a eterna Sabedoria não nos concede a inteligência para obedecermos passivamente aos impulsos exteriores; confere-nos inteligência e razão para obedecermos às leis por ela estabelecidos com o preciso discernimento entre o bem e o mal.
Cabe-nos, assim, criar o bem e promovê-lo com todas as possibilidades ao nosso alcance.
Deploramos a tragédia passional em que se envolveram amigos dos mais queridos.... Indaguemos de nós sobre o que efetuamos, em favor deles, para que não se arrojassem na delinquência.
Espantamo-nos perante a desolação de mães desvalidas que se condenam à morte, à frente dos próprios filhos desamparados... Perguntemo-nos quanto ao que foi feito por nós, afim de que a penúria não as levasse às garimpas do desespero.
Lamentamos desajustes domésticos e perturbações coletivas, incompreensões e sinistros; entretanto, em qualquer falha nos mecanismos da vida, é necessário inquerir, quanto à nossa conduta, no sentido de remover, em tempo hábil, a ocorrência infeliz.
O bem antes de tudo’ deve erigir-se por item fundamental do nosso programa de cada dia.
Atendamos ao socorro fraterno, na imunização contra o mal, com o desvelo dentro do qual nos premunimos contra acidentes, em respeitando os sinais de trânsito.
Alguém se permitirá dizer que, se somos livres, nada temos a ver com as experiências do próximo; e estamos concordes com semelhante assertiva, no tocante a viver, de vez que todos dispomos de independência nas escolhas das ações da existência, das quais forneceremos contas respectivas ante a vida maior; contudo, em matéria de conviver, coexistimos na interdependência, em que necessitamos do amparo uns dos outros, para sustentar o bem de todos.
Os viajantes de um navio, a pleno oceano, reclamam auxílio mútuo, a fim de que se evite o soçobro da embarcação.
Nós, os Espíritos encarnados e desencarnados em serviço no planeta, não nos achamos em condição diferente. Daí, a necessidade de fazermos todo o bem, que nos seja possível na reparação desse ou daquele desastre, mas, para que tenhamos sempre a consciência tranquila, é preciso saber se fizemos o bem antes.
ESTUDE E VIVA, Francisco Cândico Xavier e Waldo Vieira, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz, 11 - O bem antes, pag. 57/58
Cristianismo e Espiritismo
A participação da mulher da implantação do Cristianismo
"Na época da passagem de Jesus sobre a Terra, as mulheres judaicas, eram respeitadas pelos hebreus como em poucos países daquela época.
Eram vistas com funções muito diferentes das do homem e assim suas atribuições eram exclusivamente com a família, seus horários eram para o marido e os filhos, ficavam dispensadas do culto e da frequência aos tempos.
Era crença geral que, se as mulheres participassem do culto, iriam distrair os homens, e estes não conseguiriam orar adequadamente.
No século III, Tertuliano defendia que a mulher cometera o primeiro pecado e seduziu o homem a acompanhá-la, portanto era fruto do pecado e estava voltada ao mal.
Santo Agostinho, um dos pais da Igreja, defendia a tese de que a mulher fora feita exclusivamente para a procriação e este era o seu papel principal. Que ela, cuidando da prole e amparando seu marido, já realizava o suficiente, não devendo exigir dela qualquer cooperação religiosa.
Algumas correntes religiosas da época defendiam que Jesus, sendo homem, não teria muita aproximação com mulheres, devendo estar mais próximo dos homens.
Quando o Cristianismo rompeu as fronteiras judaicas, espalhando-se por outros países, os cristãos judeus encontraram povos pagãos que adoravam deusas, e, assim, o Cristianismo para conquistar aqueles povos, fez algumas adaptações, permitindo que as mulheres pudessem participar dos templos, sem função ativa, e deveriam ser obrigatoriamente virgens, pois se já houvessem praticado sexo eram impuras e inabilitadas para o credo religioso.
Não era permitido às mulheres sair às ruas e se manifestarem por alguma causa que advogavam, sendo suas funções restritas no lar, repetimos.
Jesus, porém, rompe estes paradigmas, modificando a condição da mulher. Durante seu ministério de amor, está sempre cercado de mulheres, algumas buscando ajuda para si mesmas, outras por seus familiares e muitas por sentirem que a mensagem divina penetrava em seus corações.
Inúmeras, são pessoas anônimas que a história não registrou, outras, a ‘crônica do além’, através de médiuns psicógrafos, tiveram registradas suas atividades.
(...)
Poderíamos continuar descrevendo várias mulheres que atuaram com entrega total à Boa Nova, mas este artigo poderia tornar-se muito longo.
Queremos ainda ressaltar que, no momento da cruz, foram as mulheres que acompanharam Jesus no seu calvário. Estavam com Jesus, além de sua mãe, algumas mulheres, piedosas, dentre as quais podemos destacar:
Maria Madalena, a convertida, que acompanhou Jesus e depois foi cuidar de leprosos nas proximidades de Jerusalém, sendo-lhe fiel até a morte, vítima do mal de Hansen;
Salomé, mãe dos apóstolos João e Tiago, deixa-se martirizar em Roma, no ano de 68 da era cristã, sendo um exemplo de amor, e quando o verdugo lhe pergunta se Jesus somente a ensinou a morrer, ela contesta: 'Não apenas a morrer, mas também a amar.'
Também esteve com Maria, na hora da dor infinita, uma mulher chamada Verônica que, em algumas traições, chama-se Berenice, e que, no momento do calvário, teria cedido seu véu para secar o suor de Jesus, que teve a imagem do seu rosto impregnada naquele tecido. Verônica é a mesma mulher que sofria de sangramento de hemorroidas e que, num ato de fé e coragem, foi curada por Jesus.
Amélia Rodrigues nos fala que a mulher adúltera (ver capítulo Encontro e Reparação, do livro Pelos Caminhos de Jesus), depois de atendida pelo Mestre, renovada, montou uma casa de assistência aos necessitados na região de Tiro, transformando aquela humilde residência em um foco de luz a iluminar as pessoas de toda aquela região.
Léon Tolstoi, pela psicografia de Cirinéia Iolanda Maffei, nos traz um livro sobe o título Mulheres Fascinantes, no qual nos narra histórias de várias mulheres anônimas que, ao influxo da vibração do Mestre, transformaram suas vidas e atuaram decisivamente nas comunidades em que viveram, esparzindo as luzes do Evangelho.
Ao finalizar este artigo, queremos enaltecer o papel das mulheres na divulgação e, principalmente, na fixação do Evangelho nas mentes e nos comportamentos de seus familiares e amigos. Por sua sensibilidade, a mulher se transformou em um veículo extraordinário para a expansão e implantação da Boa Nova na Terra".
(Mulheres, Cristianismo e Espiritismo. Anuário Espírita 2015, Editora ide, José Eurípedes Garcia, páginas 75/76 e 89/90)